Entre os instrumentos de sopro, é notável o relacionamento com as bandas de música militares e civis, que acolhiam em suas fileiras os chorões, ou músicos improvisadores, a exemplo da Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, à época de Anacleto de Medeiros (1866-1907), que compunha dobrados e também músicas sincopadas, que já podemos chamar de choro. O estilo se consolida com Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna (1897-1973) a atinge o seu período clássico com Jacob do Bandolim (Jacob Bittencourt (1918-1969).
O conjunto padrão de choro, que, no início do século incluía um oficleide como marcador do tempo, é hoje formado por um violão de sete cordas, um violão de seis cordas, um cavaquinho e um bandolim, com marcação rítmica feito por um pandeiro. Este é o conjunto conhecido como regional, ao qual podem ser agregados solistas de flauta, clarineta e saxofone, ou, mais raro, trompete ou trombone. Um importante instrumento solista no choro é o violão tenor, menor que o violão e com apenas quatro cordas. A estrutura da música compreende uma introdução no tom principal, uma primeira parte repetida, uma segunda parte também repetida, que pode ser no relativo maior, caso o principal seja em menor. Volta-se à primeira parte sem repetição e pula-se para a terceira parte, repetida, não raro modulando para a subdominante do tom inicial, se maior, ou para tom homônimo maior, caso seja menor o tom inicial. Daí volta-se à primeira parte e fim. Essa forma revela o parentesco do choro com o dobrado das bandas de música, pois ambos compartilham a mesma estrutura, que pode ser resumida como:
- Intro -1ª parte duas vezes; – 2ª parte duas vezes;
– 1ª parte uma vez;
– 3ª parte (trio);
– 1ª parte uma ou duas vezes;
– E fim (coda).
O choro adota em certos momentos, a idéia de improvisação, com procedimentos em certos casos semelhantes ao jazz, como o uso de uma moldura formal e uma base harmônica correspondente à melodia principal. Mas enquanto no jazz a improvisação se tornou estrutural, no choro ela é feita mais sutilmente, na maioria das vezes nas repetições, ou seja, faz-se a primeira vez de forma convencional e na segunda vez se permitem variações. Da musica erudita, o choro herdou um grande cuidado com a construção das melodias, que em geral exigem do solista virtuosismo e desempenho técnico. Na grande escola popular do chorinho se originaram e ajudaram a construir o estilo, Waldir Azevedo, bandolim, Altamiro Carrilho, flauta, Ratinho, K-Ximbinho e Paulo Moura, saxofone, Abel Ferreira, clarineta e Dino, violão 7 cordas.
A tradição do choro tem se mantido graças à iniciativa de aficcionados, que compreendem ser essa, ao lado das filarmônicas, importantes escolas de música essencialmente brasileiras, que muito tem a contribuir ao nosso crescimento e ao mundo, daí o grande número de admiradores que o choro congrega am vários países. Entre essas iniciativas, estão os Clubes do Choro organizados em várias cidades. A Bahia possui um conceituado e antigo conjunto de choros, mantido sob a liderança de Edson 7 Cordas, Os Ingênuos, que tem ajudado a manter a tradição e originar novos talentos. Outra iniciativa que vem dando certo é o projeto Roda de Choro do Teatro Vila Velha, organizado pelo clarinetista Juvino Alves e pela flautista Elisa.
O frevo, termo derivado da palavra frever (ferver), é a música carnavalesca de Pernambuco, que assumiu estrutura de estilo, subdividindo-se em frevo-de-rua, frevo-de-salão, frevo-canção, etc. e tem alguns compositores realmente notáveis, com destaque para Levino Ferreira (1893-1993), apelidado “mestre vivo”. O frevo vem associado a uma coreografia específica, com passos determinados e nomeados, em uma verdadeira escola.
A Jardineira, do folclore nordestino, foi adaptada primeiramente em 1870, por Hilário Jovino Ferreira e gerou a criação de um primeiro bloco, As Jardineiras, que, por sua vez, inspirou outros: Flor da jardineira, Filhos da Jardineira, etc.
Frevo é geralmente uma composição em andamento presto, compasso 2/4, composto para filarmônica ou, a partir dos anos 50, para uma orquestra modelo americano (naipe de saxofones, trompetes, trombones, bateria, baixo, guitarra). Existe o frevo-de-rua, mais rápido, o frevo-canção, quase uma marchinha e o frevo-de-bloco, mais lento.Existe uma tendência a se escrever em diálogo constante entre os metais e as madeiras e é esse sistema de escrita que mais caracteriza o frevo.
Um bom exemplo é Último Dia, composição de Levino Ferreira: um início de metais, com frase mais de caráter rítmico, com apenas três notas, seguido de uma longa resposta dos saxofones, em frase de muitas notas. Em seguida, nova frase de três notas com os metais, nova resposta dos saxofones. Junto a Levino Ferreira, ajudaram a estabelecer o estilo Nelson Ferreira, os irmãos Valença e Capiba (Lourenço Cardoso, 1904-1997) e Duda (José Ursicino, nasc. em 1935), considerado um dos melhores arranjadores brasileiros do sec. XX e responsável pela organização do repertório e gravações de frevos.
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